O mercado nacional de livros enfrenta um desafio significativo que vai além da mera concorrência e demanda: a presença persistente de escritores despreparados. A inquietante realidade é que alguns autores, mesmo ao publicarem suas obras, não cultivam o hábito da leitura e não buscam aprimorar suas habilidades literárias. Esse fenômeno tem contribuído para a proliferação de livros mal escritos e com qualidade literária aquém do esperado.
Um fator exacerbante desse problema é a crescente preferência das editoras renomadas por autores estrangeiros consagrados. Esses escritores, já estabelecidos e com renome internacional, tornam-se uma garantia de altas vendas para as editoras. Enquanto isso, editoras menores ou prestadoras de serviço se veem encarregadas de publicar uma ampla gama de autores nacionais, independentemente de seu talento literário.
Embora as editoras pequenas também almejem o lucro, nem sempre a qualidade literária é colocada como prioridade. Isso contribui para a perpetuação da ideia equivocada de que a literatura nacional é intrinsecamente ruim. Na realidade, o mercado brasileiro abriga uma quantidade expressiva de escritores talentosos, muitas vezes obscurecidos pela avalanche de obras de qualidade questionável.
Mais do que simplesmente publicar, a ênfase deveria recair sobre a qualidade literária. Livros bem escritos têm o poder de conquistar leitores de maneira orgânica, estabelecendo uma conexão duradoura entre autor e leitor. A busca pela excelência literária deve ser o principal critério para avaliar uma obra antes de sua publicação.
É encorajador observar que as editoras estão se tornando mais criteriosas a cada ano. Esse movimento, embora seja impulsionado, em parte, pela necessidade de garantir a competitividade no mercado, também tem o benefício de elevar o nível geral das obras publicadas. À medida que as editoras se tornam mais seletivas, os leitores são presenteados com histórias envolventes e textos bem elaborados, contribuindo para o fortalecimento da literatura nacional.
É crucial compreender que nenhuma editora publica livros por filantropia. Editoras são, antes de tudo, empresas, e como tal, visam o lucro. No entanto, é possível conciliar a busca pelo lucro com a promoção da qualidade literária. A conscientização sobre a importância de investir em escritores talentosos, independentemente de sua origem, é fundamental para garantir um futuro vibrante e diversificado para a literatura brasileira.
Em última análise, a superação dos desafios enfrentados pelo mercado nacional de livros requer um esforço coletivo. Autores, editoras e leitores desempenham papéis cruciais nesse cenário. Ao valorizar a qualidade literária e reconhecer o talento local, podemos construir uma base sólida para uma literatura brasileira que brilhe não apenas nacionalmente, mas também internacionalmente.
Adriano Silva
Sócio Proprietário Editora Vila Rica
Mestre Literatura e crítica da cultura
Autor do bestseller Amazon "Toda saudade que ficou em mim"
Publicar é fácil, agora colocar qualidade nos textos requer um algo mais....